sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007


Olhou para mim...

Posso ser doida o suficiente para dizer que conheço esse olhar e todas as suas expressões...tão bem como sei que conhece as minhas.

Traçamos na altura um diálogo sem palavras.Parecia pedir-me que não troçasse das coisas que fazia...enquanto eu lhe dizia que se não as fizesse eu não teria mais ninguém para me fazer rir.nunca saberá o que significa para mim...nunca vai perceber o que isso é...o amor que conhece é um «toma conta de mim, que eu olho por ti sempre que puder».

Eu estarei sempre...com o meu amor e dedicação diferente, onde não posso suportar muito a distância e onde posso ser exagerada nos meus afectos que não fará mal a ninguém.

Quem nos conhece diz que tem o meu feitio. É estranho por ser um cão. Mas quem nunca teve um ,nunca poderá perceber o que isso é.


Para eles não importa como estamos, como chegamos e como nos sentimos. Não lhes interessam as roupas que usamos, o nosso penteado...não se importam com aquilo que fazemos, e nunca se viram contra nós, não são falsos, não nos traem e não importa o quanto possamos ser duros com eles, que virão sempre a correr ao primeiro sinal.Avisam-nos em relação ás pessoas, e mostram-se inquietos quando sentimos o perigo, antes que nos possam tocar já eles perceberam e fazem por manter a pessoa longe! Não importa o tamanho, não importa os brinquedos que lhes damos, ficam tristes quando vamos embora e podem vingar-se nas coisas que gostamos, mas sabem perdoar como as pessoas não conseguem.São aqueles que nos fazem sentir que a nossa ausência, por mais curta que seja, foi realmente sentida por eles, mesmo que por 30 min...recebem-nos sempre de rabinho a abanar. Não importa se estamos acompanhados ou se estamos carregados, deitam-se no chão e esperam que tenhamos tempo, quando não temos ficam tristes mas não desistem...A minha gosta de se deitar nas almofadas de dia, e de noite gosta de ficar perto de mim ou junto do meu corpo, tem de ocupar muito espaço, ás vezes deita-se nas minhas costas outras gosta de ter a cabeça no meu peito, por vezes longe e outras bem perto. Quando tem calor deita a cabeça na almofada ou dá uma volta na casa até passar. sabe o que quer dizer «não», e percebe quando ainda estou chateada, gosta do seu espaço e rosna quando lhe toco e ela quer sossego. Se falasse diria que eu era uma chata e que está farta dos beijos na testa, mas eu sei que se não lhos der ela sente. quando está doente esconde-se de mim o dia todo, até eu estranhar e procurá-la. Com um olhar sei o que se passa porque reconheço os sinais corporais melhor do que ninguém. Percebe quando tenho que tratar dela e leva-la ao médico...pode virar-se contra o vet, mas não gosta quando lhe levanto a voz, gosta dos passeios grandes que damos, e parece que sorri na volta. Gosta de crianças, e de ver gente a correr, é Dorminhoca e não dispensa uma soneca de tarde sempre que a chamo. Quando estou doente fica perto de mim, tem uma paixão louca pela minha mãe e sempre que fico nervosa com o meu irmão ela reage primeiro que eu. Não é dada a afectos mas sempre é protectora ... chega a ser muito independente, como se não devesse nada a ninguém e quando lhe peço que ficar ela vira costas, quando lhe digo para ir embora ela respeita. Conhece algumas rotinas, como conheço as dela. Sabe a hora do bolo de sexta-feira e que ninguém se esqueça dela, e volta para a minha beira com expressão de cão que «diz»: - ele estava ali no prato a olhar para mim, que querias que fizesse?...!Sabe que quando lhe faço festas entre os dedos é porque vou brincar com ela, é desastrada(onde já vi isso?),escorrega da cama, e bate com a cabeça na mesinha de cabeceira, conhece cada olhar meu e cada gesto e responde-me também, sabe que vou ralhar com ela quando apanha algo doce para comer, antes sequer de eu ter reparado, eu perdoo...

...como se deve perdoar tudo a um animal, que de mal, para além da própria natureza e instinto, apenas conhece a maldade do Homem.


A questão aqui é: Porque maltratamos tanto as espécies consideradas inferiores(que de inferiores pouco têm), se não são eles que discutem o valor da vida...e nem são eles que menosprezam o seu sentido, não falam em abortos,não matam puramente por inveja e maldade, não destroem a natureza,não tiram as peles a outros animais torturando-os só porque está na moda...e certamente não são eles que fazem deste mundo um lugar triste para se viver??


Alguns me dirão que eles não pensam..não sentem...

Eu digo que se é assim fazia bem ao mundo que muita gente não pensasse e não sentisse!


Já alguém disse que o cão não mordia a mão a quem o alimenta...e na minha opinião muita boa gente devia aprender um pouco com eles.

Mas isso como é óbvio é apenas a minha opinião...

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