sábado, 16 de fevereiro de 2008

nr dois!sempre


Precisamente a dois meses, eu estaria a despedir-me do Bo, numa correria incrível, entre receber o diploma, saber a nota, e dizer adeus ao papa dinamarquês, correr para casa para fechar as caixas e esperam que viessem….
A esta hora, estaria a Katja no seu quarto com o meu telemóvel a falar com os tipos do tnt, estaria eu a pedir 3 cervejas a Catarina, para mais tarde ficar algo desiludida por ser «jule»!
Estaríamos a espera que o Sax voltasse sempre para lhe dar um abraço, e gritar «hurra, hurra»!
A casa estaria como sempre em alvoroço, e toda a gente a perguntar exactamente a hora da nossa partida. Chegaria mais tarde o Johán e o Casper, e o segundo ficaria a olhar-me como se algo tivesse de ser dito, e eu ao mesmo tempo a assegurar-lhe com um olhar, que dormir não engravida!
A reparar pela última vez no andar engraçado, e a sorrir de forma terna ao detalhe.
A Bzz viria mais tarde dizer-me: «ok, vamos beber», e juntas cuspiríamos o sabor da «jule».
A Kine ficaria minutos abraçada a nós a chorar, e a prometer que será breve a despedida…
As 5 estaríamos com o coração cada vez mais pequenino e oprimido, olhar inchado e molhado, duma tristeza sem igual.
Eu e a Sá ficaríamos a limpar as últimas coisas do quarto, esvaziar o frigorifico, cantar pimbalhada portuguesa, gritar «Portugal», euforicamente ( como se isso pudesse enganar)e varrer os bons momentos para um lugar seguro.
Levaria a Sá para o quarto antes do jantar, para lhe dar um abraço e agradecer os 4 meses incríveis, o companheirismo, entendimento, e respeito, por juntas termos conseguido suportar as manias e os defeitos de cada uma, com um sorriso, e pela capacidade de acolher sempre mais gente num quarto já pequeno para uma!
Agradecer pelas noites em claro, pelos olhares que matam, palavras mal ditas, e uma ou outra confusão.
Para lhe dizer:« caramba com tufos, toalhas no chão, bart espalhado, e um quarto que dá dó…conseguimos».
Pedir desculpa por colocar sempre a minha roupa na cama dela, por parecer louca enquanto limpava, pela tristeza sempre ao domingo, e pelas mimalhices e caprichos.
Um abraço apertadinho, e um olhar profundo.
Já na mesa, agradeceríamos umas as outras, por cada detalhe, cada cedência e cada gesto de amor, faríamos uma ou outra confissão, e teríamos a nossa última refeição na mesa do beta, o cheirinho a comida portuguesa pela casa, e a Gunita a passear até que a convidássemos para um bocadinho de arroz!
Pensar que tantas diferenças nos tornaram uma só, e que tudo quanto é mais irritável faz tanta falta!
Como tudo que era meu foi vosso e vá…algumas vezes o vosso era meu!
eh eh
Ainda mal sabíamos as surpresas que teríamos ainda depois do jantar, depois de tentar dormir um bocado, quem nos viria acordar e surpreender, quem nos iria diminuir mais um pouquinho pedindo-nos que ficássemos, quem carregaria as nossas malas, ajudaria a procurar o b.i, e fazer-nos chorar de tanto amor!
Agora que voltei, tudo parece ainda irreal, pequeno, insuficiente, tudo me parece por demais superficial, pouco tentador…, vazio, incerto...!
E agora em casa, sinto-me só!
Vim garantir o que era meu, cuidar também, admitir as falhas e perder coisas que eram o meu mundo, descobrindo que é sempre tempo de recomeçar, de encontrar e de viver como se fosse a primeira vez.
Mesmo já passando tanto tempo… uma coisa é certa, sem viborg, é muito difícil… mesmo quando a vida é uma coisa e a felicidade outra!
Mas isso é outra história!
A noite caiu…
Nós mulheres, somos da geração que não quer gritar para que nos ouçam,
revolucionar para mudar algo,
reinvidicar os nossos direitos ameaçando os dos outros.
somos mulheres, independentes, bonitas, com inteligencia anti-supercial,
capazes de decidir o que fazer, o que somos, e como queremos ser tratadas.
mulheres habituadas a ver que nem tudo corre como queremos, mas que não vão ficar a chorar por isso.
somos carinhosas, gostamos de carinhos, de afecto e romance, gostamos que nos valorizem e que nos façam sentir amadas
somos capazes de dar tudo ao outro, por ignorância, ou por amor.
e como tal não deveriamos ter de nos esconder por nos acusarem de sermos fracas em todas as nossas virtudes.
por nos acusarem de carência, por pedir mais que 5 min, mais que isto, mais que nada!
por nos acusarem de cobardes, por fugir a discusões.
por nos sentirmos sozinhas quando o mundo não colabora.
inuteis, quando tudo o que semeamos com carinho, é devastado pela incompreensão.
somos mulheres que não devem ter vergonha do que sentem, do que são e do que fazem, porque devemos reconhecer o nosso valor antes que mais alguem o faça.
e não é por não precisamos de um homem, que nos diga o que somos, que deixamos de saber o que é sentir um abraço.
Por isso, eu não tenho de me desculpar, por pensar da forma como penso, por me defender mais do que gostaria( defendendo até aos limites o que amo), por sentir que não tenho de forma alguma que me justificar pelas minhas escolhas racionais e justas.
nem devo chorar quando sinto que não sou de forma alguma respeitada e valorizada, ou por esperar que sejam comigo justos, sérios, e companheiros, sem apunhalar, sem acusar, ou manipular aquilo que de mais puro existe num ser humano: as suas emoçoes!
Levo a minha humanidade comigo e não autorizo de forma alguma que ameaçem o meu direito de lutar por tudo o que acredito.
Ser mulher é tudo isto e muito mais, e ou vês a tempo, ou então fecha a porta quando saires e não te atrevas a atravessa-la mais!