sexta-feira, 9 de novembro de 2007

vida louca na dinamarca!


Eu e a Sá tivemos de ler papelada sobre a cultura dos nossos amigos Dinamarqueses...foi risota até tarde, porque é incrível como já identificamos tanta coisa, que pareciam as nossas palavras.
Claro que nem tudo pode ser generalizado...mas cá vão as ideias gerais, por experiência própria...

Quem tiver em mente que pode conhecer um dinamarquês em qualquer lado, que pense duas vezes porque isso nunca irá acontecer, a não ser que seja quinta, sexta ou sábado, passe da uma da manhã e eles estejam bêbados.
Aqueles que são mais simpáticos num dia, são os que te desprezam no outro. E tudo o que se passou no dia anterior será esquecido por eles se nunca mais tocarmos no assunto.
É improvável (como temos vindo a reparar), que te abram a porta ou que te ajudem em alguma coisa, a não ser que estejam acompanhados, e aí sim são capazes de nos ajudar com as bicicletas (e talvez só com isso), ou então riem-se de ti descaradamente enquanto tentas fazer as coisas.
Quando saímos a noite apercebemo-nos que as pessoas parecem não ter uma personalidade definida, muito embora se considerem individualistas, têm o mesmo estilo, logo um loiro é igual a um outro loiro, e uma loira é igual a outra loira...só muda a cor do vestido ( com sorte).
Também somos capazes de ficar escandalizadas quando vemos, que uma mulher dança com mais de 3 homens numa noite, e todos podem apalpa-la (lamentavelmente...bimbas são bimbas), e geralmente a mulher (especialmente as mais novas), é que procuram um par ( bem...muito mais do que um), para dançar, tomam a iniciativa em tudo, até no sexo( como lemos).
Os dinamarqueses são fechados, e tímidos, a privacidade para eles é fundamental, e é falta de educação fazer perguntas ou cumprimentar quem não se conhece, não mostram muitas emoções e fecham-se no quarto durante horas( a não ser claro que passe da uma..e haja cerveja), mostrar emoções é o mesmo que mostrar fraqueza.
Diz-se por aí que os dinamarqueses evitam discussões e só para não entrar numa são capazes de não dar uma resposta definitiva, assim quando os puxamos para um assunto a resposta normal será: «é sofrível», além de que se lhes pedes uma lista de alguma coisa, dizem-te o que está no topo das suas listas e acabam com um «entre outras coisas»( mas isto não sabia)...
Mais uma vez...vê-los a discutir...é apanha-los as 3 da manha, onde o álcool já é tanto que nem são tímidos, nem simpáticos, apenas umas bestas.
Um dinamarquês simplesmente não sabe dançar, e quando tentam parece que estão prestes a partir-nos um braço, não percebem que numa música calma se dança mais devagar do que numa mexida, e o conceito de espaço para eles passa-lhes completamente ao lado, o que quer dizer que não importa muito que a pista de dança esteja vazia, eles de uma forma ou de outra arranjarão maneira de ir contra ti sem reparar.
Parece que o primeiro passo para que abram a pista é tocar uma música rasca que seja dinamarquesa, e aí é vê-los aos pulos, entusiasmados...e aos berros...

E não é só a cantar.
A maior parte das vezes, dão a impressão que estão a discutir, mesmo que saibas que estão a dizer coisas relativamente agradáveis.
E também não é só nisso que são brutos...mesmo que estejam a brincar rapazes e raparigas batem com força uns nos outros, não importa o sexo, e nunca se ouve dizer: magoaste-me pah».
Pensei que só a katia era agressiva, quando entra no meu quarto sem bater a porta, e manda a porta toda para trás. Pior! Mesmo nas vezes que se lembra de bater, parece um terramoto. Pensei que era só ela...até o Torben me ter batido na mão ( na brincadeira), e me ter magoado, ou quando o Johan queria pegar comigo e a bater nas costas ou ombro ou até um simples abraço de foto fez com que as outras portuguesas se rissem e dissessem que ele me ia partir aos bocadinhos, ou quando eu avanço uns metrinhos a mais do que seria de esperar, quando ele se aproximou na pista de dança e as nossas costas estalaram ou quando bateu a nossa porta que dava a sensação que do outro lado estava alguém que nos queria matar, e qual não é a surpresa quando abres a porta e vês alguém a sorrir( mais uma vez...depois da uma da manhã..ou com cerveja).
É difícil fazer amigos, uma das razões, é que a maior parte, mesmo que fale um inglês perfeito ou melhor que o nosso, sente-se intimidado e pensa que não vamos entender.
Quando querem…são muito prestáveis, quando não querem atiram bolachas quando estamos na sala...hi hi...
No outro dia eu e as minhas amigas estávamos a conversar na sala, quando entra um dos jogadores olha para nós e diz: «porquê que vocês estão acordadas a esta hora? São quase 5 da manhã, é muito tarde, e deviam dormir»
Só me ocorria responder-lhe: «sabes que estando no mesmo país a hora para mim é a mesma que para ti, logo se eu devia dormir tu também, e na verdade estou mais preocupada com o facto de não caíres das escadas abaixo, e mudares de roupa antes de te deitares na cama do que com o facto de ser tarde»
Em vez disso disse-lhe: « é normal para nós»
E ele só responde: «ah vocês são doidas!»
Perante tudo isto…como é que eu é que sou a estranha neste país…?


Ao fim de algum tempo perdi a esperança toda de aprender a falar dinamarquês...como li...para aprender a língua talvez o caminho mais fácil seja aprender alemão e inglês...depois com alguma pratica a coisa vai lá bem...
Mas também «aprender a falar dinamarquês é aprender também a perceber quantas letras faltam numa palavra», ou seja eles escrevem a palavra toda, mas dize-la? Nem pensar!
O pior é que varia de pessoa para pessoa, e tu nunca sabes qual das letras pode estar a faltar, além de que o sotaque é complicado, parece que estão a mastigar comida, a vomitar ou que estão mesmo zangados uns com os outros.
conclusão...aqui sempre que se ouve uma palavra parece uma nova, é impossível( ou quase), reconhecer alguma coisa que não seja «tak, hej, e os dias da semana!»
É interessante perceber que nada do que lemos se prenuncia como tal...e exigir perfeição nisso é tempo perdido!

É tão tempo perdido como ficar a espera que te digam bom dia, tão impossível como esperares que percebam que se tu és simpática pode mesmo só querer dizer que és simpática e nada mais, tão improvável que não nos digam constantemente que estamos sempre a comer, tão improvável que eles não digam que «comeram a tua mãe, ontem», sempre que falas dos teus pais, e realmente achem piadas a isso, e levem a mal um papel colado na parede que diga: «tem um bom dia, um bom fim-de-semana, ou sorri!
Começo a estar habituada a:


Este tempo;
Não receber nem um obrigada quando me levanto da mesa e vou abrir a porta a alguém que se esqueceu da chave de casa,
A ver que amizade são mais acções que palavras…
A ver os boxers deles que exibem como se fizesse parte das calças de ganga.

Meias até ao joelho e por cima do fato de treino, com sandálias de dedo..também é habitual!
Ver meninas de vestido curto, com um ventinho que parece cortar tudo ás fatias
Como estou habituada á ideia…que é possível que nós e os nossos queridos vizinhos nunca sejamos capazes de nos entender!


ontem o casper, chegou a casa quase ao mesmo tempo que eu, chamei-o, fizemos-lhe montes de perguntas, e soubemos imenso da vida dela.afinal ele é dos «queridos»...


obs: o casper era o bebado desde a primeira semana que ca estamos.

assim como temos o mr ass

o snifador

o bolacha um e bolacha dois.

o castanho( pois é assim que os outros dinamarkeses se referem a ele)...

e mais uns quantos...


falta um mes e qualquer coisa para ir embora...e esta semana estamos todos muito tristes!

na foto seremos nos com o nosso kerido Bo...diria a rita se pudesse: «pah detesto como ele olha para ti...»!!!